Insana convivência social

A única forma de não sofrer ao se relacionar é ter o entendimento prévio de que, mais dia ou menos dia, você irá se decepcionar.

Pode ser pelo fato de que ninguém é perfeito e nem sempre as expectativas poderão ser atendidas.

Pode ser pelo fato de que a mudança é inerente ao ser humano, assim, ou as pessoas mudam ou estão em busca da mudança.

Pode ser pela ambição que alterna ou deturpa os focos.

Pode ser pela incapacidade de dizer NÃO, ou SIM.

Pode ser desproposital ou plenamente consciente.

Pode ser com a melhor ou pior das intenções.

Fato é que alguém sempre irá lhe decepcionar.

Entender isso é o primeiro passo para minimizar a angústia, a dor, em relação a isso.

Pode servir para diminuir um pouco a expectativa, a confiança, a frustração.

Pode servir para crescimento, aprendizado, amadurecimento.

Para equilibrar as forças ou, quem sabe, aliviar o impacto.

Apenas não serve a desculpa para deixar de se relacionar. Somos feitos disso, não há como fugir do conviver.

Diferente, porém, é fazer daqueles com quem convivemos âncoras de dependência, culpados pelo sofrimento. Eles são como nós somos.

Ao ter ciência da imperfeição do outro e, também de nós mesmos, acabamos por nos desprender dessas amarras.

Só assim poderemos seguir livres, mais fortalecidos a cada solavanco da vida.
Afinal, a decepção deixa marcas por toda a vida. Um vazio que às vezes é tão intenso que dá a impressão de que nada poderá ser mudado.

Uma grande apatia diante de tudo e todos.

Deixa-nos completamente anestesiados diante dos fatos como se nada, nem ninguém, fosse capaz de alterar isso.

Pode não haver choro, tristeza. Mas com certeza não haverá alegria, euforia... uma grande apatia e insensibilidade. Uma vontade louca de nos desmaterializarmos ou ficarmos invisíveis, apenas observando essa insana convivência social.

Então, como refúgio, resta-nos o entendimento de que, imperfeitos que somos, um dia nos decepcionaremos e na mesma medida certamente deixaremos marcas de decepção na vida daqueles com quem convivemos.

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