Naufrágio anunciado

Posso até estar enganada. Mas não consigo ver com bons olhos e com otimismo as negociações que estão sendo feitas pelo Cruzeiro esse ano. 

Pode ser apego, conservadorismo ou precaução, mas o que percebo é que o Clube não está conseguindo manter a receita que deu a ele o sucesso dos últimos dois anos.

O seu diferencial estava justamente em valorizar a sua base e não investir tão alto em contratações, pechinchando por jogadores que poderiam ser revelações. Sem estrelismos, sem figurões, sem “dream team”.

Além disso, outro grande avanço foi ter se livrado da época mercenária dos "Perrela", em que qualquer montante de dinheiro era motivo para desmantelar a equipe. O que resultou em 10 anos de jejum de títulos importantes.

Por isso, ao ver a saída de Ricardo Goulart, Everton Ribeiro, Marcelo Moreno e Lucas Silva, ao mesmo tempo em que estão ocorrendo as contratações de figurões chilenos, uruguaios e colombianos, fica evidente para mim um grande retrocesso.

Como torcedora sinto um calafrio e a sensação de que o jejum pode bater à porta novamente. Por mais que financeiramente seja um excelente negócio, as negociatas representam o fim de uma proposta, de um conceito de manutenção, de construção, de formação de equipe. Isso me entristece muito.

É óbvio que todo e qualquer clube de futebol precisa de dinheiro para pagar salários, manter a infraestrutura, investir. Mas, nada disso se sustenta se ele não conseguir ter um bom desempenho dentro de campo, alcançar vitórias, conquistar títulos, afinal é isso que traz patrocinadores, valoriza a marca, faz a torcida comparecer nos estádios e se dispor a gastar dinheiro com materiais do time.

Por isso, antes de qualquer coisa o investimento tem que ser na formação e manutenção de uma boa equipe.

Negociatas como essas são a representação do mercado prostituído e medíocre do futebol brasileiro que tem por característica uma visão pobre, de curto prazo, que não avalia sistematicamente a sustentabilidade do negócio. O vexame dos 7 a 1 para a seleção brasileira e o pífio desempenho das demais equipes brasileiras são as provas mais evidentes disso.

Cruzeiro e Atlético destacaram-se nos dois últimos anos justamente por nadarem contra maré, por formarem equipes e apostarem em sua manutenção. Por isso, em minha simples opinião, o quadro atual não pode ser outro, senão de pessimismo para o Cruzeiro com o que vem pela frente... 

Que a sorte nos ajude, porque se depender de gestão vamos mesmo é naufragar.

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