Entre festa, choro, foguetes e decepção

Foguetes. Buzinas. Gritos. É festa no futebol. Mas não é uma comemoração de vitória. É a festa da derrota. Apenas três lances e o céu azul de Belo Horizonte foi tingido de “preto”.

Em apenas uma semana o time desceu ladeira abaixo, perdeu do arquirrival e deixou escapar um título internacional.

Sim e Não. Sim, a festa que era azul, cinco estrelas, deu espaço à uma tristeza obscura, negra. A comemoração foi tomada por empréstimo por uma torcida escassa de vitórias e exacerbada de derrotas.

Não. Embora esse pareça ser um velho filme em “preto e branco”, os protagonistas dessa vez são outros.

Ontem o Cruzeiro foi tomado pela “Síndrome do Galo” e sucumbiu à velha máxima de nadar, nadar e morrer na praia, ou como disseram os torcedores alvinegros, na lagoa da pampulha.

Será que a maldição “preto e branca” resolveu invadir o Mineirão?

Será que a santinha, que teve o manto pintado de negro, resolveu vingar-se de todo o Estado e vai levar ao naufrágio todo o futebol mineiro?

Não e Sim. Não vale justificar os erros com maldições. Isso deixamos para àqueles que, ao não encontrar justificativas melhores para a falta de habilidade, recorrem ao sobrenatural. Afinal, é mais fácil acreditar que o universo conspira contra a paixão e contra àqueles que torcem até contra o vento.

Sim. Somente a paixão é capaz de sobrepor à razão. E, realmente, os alvinegros são apaixonados por seu time. Cegos e surdos diante da história. Acomodados e passivos diante do sofrimento da derrota. Sofrer, dever, perder... E, mesmo assim, gritar, chorar, morrer de paixão.

Não e sim. Não, não somos apaixonados, pois não agüentamos sofrer calados e não aceitamos facilmente a perda. Diante dela escondemos as camisas, esquecemos de ir ao campo, soltamos vaia para o time, nos viramos contra ele.

Sim. O amor nos move e, por isso, exigimos reação. Queremos a vitória e não nos contentamos com pouco. Participar de um campeonato internacional é muito bom, chegar à final é um privilégio que os rivais sonham um dia ter. Mas, ser vice não é título, é demérito. É por isso, que ao contrário dos alvinegros não fazemos de nossa sala de troféus o Manual de Curiosidades do Futebol.

Sim e não. Entre amor, ódio, razão e paixão optamos pelo amor, que move, que desenvolve, que faz crescer, que faz vencer, que não aceita facilmente qualquer desculpa e, principalmente, não se contenta em comemorar apenas as derrotas dos adversários!

Comentários

Marcelo disse…
É estranho como as pessoas depositam seus sonhos e sentimentos em coisas que estão fora de seu controle. O futebol é uma delas. Muitos de nós buscamos a felicidade em gozar da vitória de uma instituição que não sabe que existimos, que sofremos e que morremos por ela.

Se a festa da derrota marcou a quarta-feira, o desprezo dos derrotados ficou estampado na face de um dos atletas, que não garantiu sua glória. Aquele guerreiro, que na noite anterior, lutou, bateu e apanhou, amanhaceu para mais um dia e seguiu sua vida, antenado em seus compromissos e alheio aos olhares e curiosidades daqueles que o veneram.

Para ele foi apenas mais um jogo, apesar de um título a menos e o demérito do segundo lugar. Mas, ele como os demais enchergam esse jogo como mais um dia de trabalho, enquanto nós, torcedores, colocamos nossas angústias e esperanças em uma brincadeira, que encaramos ser mais importante que nossas vidas.

É vida que segue!
BRUNA disse…
Marcelo, na verdade, acredito que o seu texto merece duas respostas: Sim e Não.

Sim, a vida segue...E, nada melhor que um dia após o outro e uma noite no meio. No futebol, um dia somos campeões, no outro derrotados. Claro que isso não se aplica ao Galo, já que esse só consegue um lado da derrota (brincadeira).

E, não. Não encaro isso como a coisa mais importante de minha vida. Tenho plena consciência de que essa brincadeira tornou-se uma indústria,que rende milhões ao fabricar sonhos e sofrimentos.

Mas, também sei que esse "ópio" é importante, na medida que nos resgata um pouco da insanidade da vida real.

Assim, é por isso que acho que vale a pena vagar nos pensamentos e colocar em palavras alguns sentimentos, mesmo que esses pareçam ser fanáticos ou infantis...

Afinal, como seres pensantes não podemos nunca perder a capacidade de NÃO ficar alheios ao que está em nossa volta. E, nada melhor que palavras para expressar isso.
Unknown disse…
Gente, vocês estão esquecendo o melhor de tudo... GOZAR o cruzereisense não tem preço! Que coisa boa ser atleticana!
BRUNA disse…
Tudo bem Nanda. Isso é tão raro para vocês que nós damos até um desconto... rsrsrs