Por duas semanas pensei em palavras que pudessem resumir o
que foi o ano de 2013 em minha vida.
Obviamente muitas palavras passaram por
minha cabeça: perda, morte, tristeza, surreal, conflitos, manifestações, aprendizado,
ressignificação, recomeço, vida, alegria, futebol, galo, cruzeiro,
família, leveza, felicidade, entre muitas outras.
Então percebi que a única palavra que poderia definir esse ano, e todos os outros que já se passaram e todos que ainda virão, é
IMPERFEIÇÃO.
Todos os anos, assim como todos os dias de nossas vidas são,
na essência, imperfeitos. É impossível colocar na balança todos os momentos, pesar e definir “foi bom”, “foi ruim”, pois esses são elementos
cruciais de nosso dia a dia.
Todos os dias pessoas nascem e morrem. Todos os dias alguém
vence e alguém perde. Todos os dias alguém chora e alguém sorri. Todos os dias
alguém está triste e alguém está feliz. E durante o ano todas essas situações perpassam
as nossas vidas de várias formas, com intensidades variadas, sendo impossível
medir qual tem maior peso e tachar o ano de “bom” ou de “ruim”.
É óbvio que perder alguém nunca é bom. É uma ferida difícil,
ou até mesmo impossível, de ser cicatrizada. Então logicamente se perdemos
alguém aquele passa a ser o pior ano de nossas vidas, certo? Talvez sim, talvez
não. Pois, ver o sofrimento da pessoa ou vê-la se privar de tudo aquilo que mais
gosta talvez seja ainda mais sofrido do que não ter as boas lembranças dela. Então,
talvez a perda, embora traga a saudade e a falta, talvez não seja assim tão
ruim. Há relatividade nessa e em todas as outras questões de nossas vidas. Não
existe uma verdade única e absoluta.
A conclusão que chego é que não existe fórmula matemática
para medir isso. A cada dia vivemos infinitas situações boas e ruins. Mas, o importante,
na verdade, é o que fazemos com cada uma dessas situações. Como lidamos com
cada uma delas? O quanto aprendemos? O que estamos dispostos a fazer diferente?
O quanto estamos comprometidos a ser melhores diante daquilo que temos controle?
Essa é a principal lição que levo desse ano. Afinal, iniciei
2013 com uma das maiores perdas de minha vida, até o momento. A morte do meu
avô, embora racionalmente prevista, me deixou sem chão. Tirou todas as minhas
certezas e o meu fôlego.
Aliado a isso vivi um período conturbado profissionalmente e
pessoalmente, em que me questionei profundamente sobre o que realmente queria
para a minha vida pessoal e para a minha carreira. Para piorar, vi o Galo ser
campeão da Libertadores, algo muito surreal para quem estava
acostumado a ver o time rival somente levantar taças do mineiro - embora tenha ficado feliz pelo meu pai, aguentar os Atleticanos é difícil demais... Rsrsrs...
Então, ainda em junho tudo o que queria era que 2013
acabasse logo e levasse embora tudo aquilo que me incomodava. Mas, isso
resolveria? A simples virada do dia 31 para o dia primeiro mudaria tudo? É óbvio que não.
Mas há na virada de ano algo fundamental para quem está sem esperança, que é o
rito de passagem. Ele carrega uma energia que tem o poder de nos dar
um fôlego. De propor reflexão e tomada de consciência. De olhar para o que
passou e pensar o que poderíamos fazer diferente. É esse rito que às vezes nos
permite respirar fundo e retomar as rédeas de nossas vidas.
E foi isso que fiz com a minha vida esse ano. Não esperei o
dia 31 de dezembro de 2013. O meu rito de passagem foi antecipado para o dia 12
de julho de 2013, data em que comemoramos o nascimento do meu filho Vinícius.
Depois de uma ressaca de uma fase ruim, acordei nesse dia
com o coração explodindo de contentamento, pois, pela terceira vez, comemoraria
o aniversário do meu filho. Então passei o dia relembrando a sensação
fantástica de ter dado vida a um novo ser, de vê-lo se desenvolver e descobrir
o mundo. Pensei... Como esse poderia ser um ano ruim se representava mais um ano
de vida do meu filho? Como poderia me entregar à tristeza e depressão se
coloquei alguém no mundo para ser feliz? Como poderia questionar os desígnios
de Deus se fui contemplada pelo dom da vida? O que estava por trás da perda e o
que poderíamos aprender com ela?
Não foi um processo rápido e fácil. Foi doloroso, choroso,
porém, revitalizador, que me fez retomar a minha vida.
Encarei de frente os
estudos que havia começado em maio, mas não estava levando muito a sério.
Viajei com a minha família, num tour delicioso do “trio ternurinha”.
E, em
minha opinião a decisão mais importante, finalmente tomei coragem para fazer o
curso de coaching, que tanto queria. Este com certeza foi o divisor de águas.
A partir daí centrei naquilo que estava ao meu alcance e naquilo
que poderia ter controle e/ou responsabilidade para mudar.
Defini metas e fiz
questão de cumprí-las. Conheci pessoas maravilhosas. Mudei a minha forma de me
relacionar com a minha equipe de trabalho.
Renovei a minha energia. Desapeguei-me
de tudo o que não me fazia bem. Tomei coragem para falar o que pensava. Busquei
fazer o bem para as pessoas, mas sem direcioná-las de acordo com o que eu
achava certo e entendendo que não tenho responsabilidade sobre as escolhas
delas.
Ganhei prêmio pelo meu trabalho e entendi a importância do que faço para o meu crescimento profissional e pessoal.
Voltei a frequentar campos e me empolgar com futebol,
relembrando os bons tempos vividos com o meu avô e fazendo disso mais um rito
de aprendizado em relação à perda. O bom é que consegui ver o Cruzeiro voltar a ser campeão
Brasileiro e participei da festa com muita alegria!!!
Cuidei da minha saúde. Levei a sério as aulas de natação e
inclui mais um dia de atividades. Descobri que tenho intolerância a lactose e
passei a fazer uma dieta rigorosa com o apoio de nutricionista.
Perdoei, embora algumas vezes tenha considerado a situação injusta
e, até mesmo, não tenha recibo o perdão na mesma dose.
Mas, o mais importante, aprendi a Ressignificar e inclui
essa palavra como favorita em meu dicionário pessoal, juntamente com a
Perseverança, amiga já conhecida e reverenciada de muitos e muitos anos.
Então, ao final, talvez concluam que o meu primeiro semestre
foi ruim e o segundo foi bom. Não consigo classificar assim. Considero que os
dois foram repletos de momentos bons e ruins, de alegrias e tristezas, de choro
e de gargalhadas, de aprendizado e ressignificação, de perseverança e de amor. Em nenhum deles fiz tudo o que queria ou que planejei. Em todos eles vivi momentos maravilhosos e também difíceis. Então, eles foram igualmente IMPERFEITOS. A única diferença estava na forma como lidei com as situações.
E o que espero de 2014? Que tenhamos saúde, boas energias e
muita perseverança para lutarmos por aquilo que acreditamos, para buscarmos os
nossos sonhos, para que possamos aprender com os nossos erros e nos aperfeiçoar
como seres humanos. Mas, desejo especialmente que 2014 seja essencialmente
IMPERFEITO, como todos foram e continuarão a ser por todo o sempre, mas que em todos possamos sempre SER e FAZER A DIFERENÇA. Amém!!!
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bjos