Há sete meses estava toda empolgada, preparando a festa
de 80 anos de meu avô. Sempre gostei de festa e sinto prazer em planejar,
organizar e executar. No entanto, essa festa não era como as outras. Ela tinha
um motivo mais que especial. Primeiro meu avô, que também é meu padrinho e um
verdadeiro pai, completaria 80 anos de vida. Segundo, meu avô acabava de sair
de uma internação de um mês, em que ficou entre a vida e a morte em um C.T.I..
Tinha muito o quê comemorar. Não era só mais um ano de vida.
E, sim, 80 anos de vida de muita dedicação, perseverança e luta pela vida.
Foi uma delícia. Tudo muito simples, mas com muito amor.
Cada detalhe pensado para que ele se sentisse feliz, acolhido... percebesse um
pouco do quanto o amávamos.
Parecia festa de criança. Com direito a bombons, docinhos,
mesa de guloseimas, bolo do cruzeiro, enfeites de mesa e vídeo ao final.
As fotos registraram a alegria dele em ver a família reunida
para celebrar a sua vida. E ver a felicidade em seu rosto foi a maior
satisfação que poderíamos ter. Afinal, estava na hora de tentar fazer um pouco
por alguém que se dedicou tanto por nós.
Passados sete meses, no entanto, estou aqui novamente às
voltas com preparativos relacionados ao meu avô. Para minha tristeza, no
entanto, não há o que comemorar. Em mais uma batalha pela vida, ele se foi e
nos deixou uma saudade imensa... uma dor inexplicável.
Hoje nos preparativos da missa de sétimo dia, não tenho como
não ficar chateada... Por outro lado, também não tenho como não me sentir na
obrigação de relembrar todos os feitos dele... e de agradecer...
Agradecer a Deus por ter tido a oportunidade de ter o meu
avô ao meu lado. Por ele ser tão zeloso e carinhoso. Por ele não ser apenas meu
avô, mas também padrinho e pai emprestado. Por ser um animado companheiro de
viagens, de passeios, de jogos do nosso Cruzeiro no Mineirão [estávamos juntos no recorde de público do mineirão].
Agradecer pelas tantas vezes que ele me esperou no ponto de ônibus por causa da chuva ou por estar muito tarde. Por sempre me esperar à noite, quando voltava da faculdade, para fazer o lanchinho antes de dormir. Por
ser o meu anjo de guarda e me ajudar a concluir o sonho de me formar.
Agradecer pelos conselhos. Por me mostrar o que era certo e
errado. Por me ensinar os seus valores. Pela mensagem de otimismo e amor à vida
que sempre teve. Mas, principalmente, pelos abraços, pelos beijos e pelo amor
incondicional... É disso que mais sinto falta!!!!
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