Ainda estou aqui

“A partir de agora você já pode andar com a mala pronta para ir para a maternidade”.


É incrível como uma simples frase proporcionou uma grande confusão de sentimentos.


Nos últimos meses todas as atenções estavam voltadas para o “curtir a gravidez”. Ativa, trabalhando acelerado, fazendo planos para a chegada do Vinícius. Estava tão envolvida com a mágica do momento que nem me dei conta de que o relógio corria. Somente depois desse alerta é que me deparei com a realidade: falta pouco.


Medo. Insegurança. Nervosismo. Ansiedade. Tudo veio ao mesmo tempo.

Quanta coisa para comprar, planejar, organizar. Falta pouco... Quanto coisa para aprender. Quantos livros e manuais para ler. Quantos cursos a fazer.


E, para complicar a situação o cansaço, reflexo do ritmo agitado dos últimos meses, começa a aparecer. Mas, o pior de tudo passou a ser o olhar de “exclusão” das pessoas, dizendo “você não vai mais dar conta”.


De uma semana para outra, você, que estava ativa e era necessária, passa a ser preterida dos planos, projetos, festas, viagens, encontros, conversas...


Reconheço que o desgaste físico, movido por uma enorme barriga e pés inchados, é relevante, mas, como fica o emocional e o intelectual.


Gravidez não é doença. As ideias e a capacidade criativa continuam as mesmas nesse período, ou até melhores, em virtude da experiência que se ganha com este momento de aprendizado de vida.


A cada instante aprendo a respeitar os limites do meu corpo, a entender a sabedoria da natureza e da biologia humana, a definir o que realmente é prioritário e importante, a ter consciência de minhas capacidades e de minhas responsabilidades.


Por isso, digo a essas pessoas que falta pouco para a grande hora e muitas são e serão as atribulações até esse momento.


Porém, a vontade de ir além supera as limitações físicas e me torna mais potente do que realmente penso que sou. Enfim, eu ainda estou aqui e, a cada segundo, tenho mais força para dizer: “eu , ou melhor, NÓS damos conta”.

Comentários

Marcelo disse…
Putz, estamos na marca do pênalti! É difícil se dar conta disso, mas ao mesmo tempo é delicioso. Não se sinta preterida, mas poupada e acolhida, pois todos sempre olham as gestantes com ternura e uma necessidade silenciosa de proteção.

bjos
Unknown disse…
Naturalmente já acho a grávida bonita(o real poder da mulher se manifesta, é vida gerando vida).Mas agora cheguei a seguinte conclusão...voce é a grávida mais linda do mundo.Te amo!!!!