Máquina do pensar

Deitada na cama, espera o sono vir.
Embora o corpo alegue cansaço, a cabeça continua firme.
Uma explosão de imagens, sons, cores, cheiros e sensações que vagam e abrem espaços como cometas.

Pela janela as luzes adentram o quarto e formam mozaicos mutantes nas paredes.
Imagens sem sentido. Ilustrações que remetem à mundos não vistos.

Por mais que tente distrair os pensamentos, a mente parece um poço sem fundo. E, por maior que seja a profundidade e por mais habitado que pareça estar, lá ela sempre o encontra em pequenos fragmentos.

Um sorriso. O jeito de falar. Poucas melodias. O time do coração. A forma de pentear o cabelo. O modo de se expressar, mesmo que em silêncio. As comemorações. A dor da partida.

Por mais que se esforce, a cabeça não pára.

Como, então, enganar esse instrumento poderoso.
O que fazer com esta caixinha armazenadora de lembranças, divagações, sons, movimentos frenéticos, pensamentos desajustados. Não falta um botão liga/desliga?

Exausta dessa luta mental, finalmente parece vencida pelo sono, este grato retorno pelo esforço de pensar.

Porém, quando a tranqüilidade parece pairar eis que, sorrateiramente, começa a sonhar...

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