Felicidade efêmera

Dizem que dinheiro não traz felicidade.

Outros acreditam que traz apenas tranqüilidade.

Há quem acredite que só traz problemas. Outros acham que ele cria soluções.

Para alguns é motivo de disputa. Para outros de repartição.

Há ainda quem ache que ele traz morte. Mas, para muitos, traz é sorte.

Para a grande maioria garante a existência.

Mantém os quilinhos e o tratamento da saúde.

Garante os estudos e o trabalho.

O filminho no sábado à noite.

O bilhete da entrada do pancadão.

O teatro.

A dança.

O futebol aos domingos.

O sorvete.

A cervejinha.

O vinho.

O presentinho de aniversário.

A surpresa do Papai Noel.

A possibilidade de conhecer um pedacinho do mundo.

O teto.

O pezinho de meia.

O carrinho.

A motoca.

Trabalho.

Diversão.

A satisfação da fome.

A garantia da vaidade.

O desperdício.

Ele é bom.

Talvez pudesse ser mais generoso, mas é certo que, por melhor que seja, nunca será suficiente para ninguém.

É certo também que traz consigo muita dor de cabeça, gastrite, úlceras ou vários cabelos brancos.

Afinal, para grande parte da população da terra ele não cai do céu e não amadurece no pé, então, sempre está acompanhado de muito, muito, muito trabalho.

O problema é que é fácil demais se acostumar com ele. A tal ponto que, mesmo na exaustão física, mental e espiritual, finge-se sanidade e qualquer um acaba rendido pelo vício.

Como uma dependência química e física é possível tentar sugá-lo ao máximo e até utilizá-lo como desculpa para manter-se na zona de conforto.

Até que chega o dia em que, fadigado pela luta, o homem dá adeus à vida e o deixa livre para voar para outras mãos.

Então, percebe-se que ele foi apenas a cenoura dependura na viseira. Apesar de sempre perseguido, ele nunca a ninguém pertenceu.

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