A MOCRÉIA

Todo mundo tem, ou já teve, um “encosto” na vida. Um amigo “mala sem alça”, um colega inconveniente, um parente “pidão”, um conhecido carente, uma sogra cascavel...

Mas, em minha opinião o pior deles é, sem dúvida, a CUNHADA ou EX-CUNHADA. Não é necessário ir fundo na etimologia da palavra para entender que cunhada não significa harmonia e, muito menos, prosperidade. O CU inicial da palavra indica vários “encostos” agrupados. Todos os adjetivos em uma única pessoa. Um verdadeiro presente de Grego, agregado.

O mais grave ainda é quando, somado a tudo isso, encontramos o substantivo BURRICE.

Tive a infeliz e engraçada oportunidade de ter uma ex-cunhada assim, a quem, carinhosamente (e para evitar qualquer tipo de ressentimentos), passei a intitular: A MOCRÉIA.

Na verdade, poderia chamá-la de Zôo, diante de tamanha afinidade com o reino animal, já que ela comia como um avestruz, encostava na casa da minha mãe como um parasita, passava o dia como bicho preguiça, era venenosa como uma cobra e no quesito raciocínio perdia para uma anta. Isso sem falar nas outras semelhanças ao reino aquático e das penosas. Mas, para ser diplomática achei melhor adotar “Mocréia”, achei mais simpático.

A Mocréia foi responsável por casos hilários que, apesar de nos deixar completamente envergonhados – como cúmplices de tanta ignorância, nos rendeu, e ainda rende, boas gargalhadas.

São muitos casos. Teve a fuga histérica do boi bandido, os erros do soletrando, os “nós foi”, “nós vai”, “a gente fomos”, “nós tudo”, entre outras pérolas. Mas, três, em especial, merecem ser descritos.

Um deles foi o Castelo do Terror. O local, apropriado para crianças de até 10 anos, se resumia a três ou quatro corredores, com boa iluminação, bichos sem graça e pessoas com fantasias de camelô. O passeio teria sido um tédio, mas a mocréia estava lá para dar o ar da burrice. O pai de um meninho de oito anos nos pediu para tomarmos conta da criança durante o passeio, já que ele não queria pagar o “mico” de entrar no castelo. No entanto, foi o menino quem precisou nos ajudar. Ele ficou comovido e até se prontificou a salvar a mocréia, que teve um surto de pânico e, perto de um homem com fantasia tosca, mau costurada e mau pintada, chorava clamando: “não faça nada comigo, sou filha de Jesus Cristo”.

Também não podia faltar o episódio da brincadeira de perguntas e respostas em que ela apostou com todos que “a Europa ficava nos Estados Unidos”, afinal naquele local estavam “unidos” todos os Estados, e os poucos neurônios dela também.
Ah... mas, o caso campeão, com todas as honras, medalhas e méritos foi a tatuagem. Após várias horas de um diálogo hebraico, praticamente um monólogo da mocréia, o tatuador pediu ajuda aos universitários e a um intérprete para tentar decifrar o enigma, ou melhor, a célebre frase: “minha tatuagem não ficou boa, deu um CULOTE. Acho que isso é GENÉRICO, pois minha mãe também tem”.

Fizemos um grande esforço e, com ajuda de mímica e de especialistas em micro cérebro, descobrimos que ela queria dizer que a tatuagem estava com QUELÓIDE e que isso poderia ser GENÉTICO, de família.

Acreditamos que a inteligência dela também é GENÉRICA, assim como o vocabulário e a capacidade de raciocínio.

Mas, o que seria das CUNHADAS se não fosse o bom humor. Pensar positivo é o primeiro passo para sobreviver aos agregados e, quem sabe, pensando mais positivo ainda, conseguimos ser contemplados com o sufixo EX. Vale a pena, eu usei a Lei do Segredo para isso!



OBSERVAÇÃO: Trata-se de um texto fictício. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência!

Comentários

Pedro disse…
"Não faça nada comigo, sou filha de Jesus Cristo" foi ótima... Rolei de rir do relato...
Anônimo disse…
Amiga,você precisa me contar tudo isso pessoalmente para darmos ótimas gargalhadas (apesar de já estar "morrendo" de tanto rir, e eu que achei que era a campeã de "foras"...kkkk..sem comentários para sua Ex-CU. Apesar de acreditar que foi vc quem saiu perdendo, pois, nem precisava pagar para assistir peças de teatros cômicas.Vc já tinha motivos o suficiente para dar boas gargalhadas de forma gratuíta.bjos, Érika