PALAVREAR

Enxergar a vida através das palavras foi uma missão da qual me incumbi, no momento em que escolhi a minha profissão.

As palavras sempre exerceram em mim um fascínio inexplicável. No entanto, ao seguir a risca o conselho de “não ficar alheia à vida”, passei a ser enfeitiçada por elas.

Às vezes sinto que elas me sufocam... me torturam... me deprimem... me enlouquecem...

É angustiante demais sentir o peso das palavras e sofrer com elas.

Elas exprimem a dor do mundo e a difícil arte de viver e sobreviver. A realidade torturante, o castigo de entender o que está nas entrelinhas e subentender o que está além da compreensão do ser.

Quisera eu ter a sensibilidade dos grandes escritores, roteiristas, músicos e poetas, a quem admiro e tento compreender. Àqueles que transcendem realidade, efemeridade, amor, dor, espiritualidade e vida, apenas com suas palavras.

No entanto, mesmo com rigidez de minhas palavras permeadas pela insensibilidade de meu trabalho, que apenas representam o fato em um dado momento da realidade ou a minha interpretação sobre ele, sinto que, quando de matéria me fizer espírito, o único legado que deixarei neste mundo serão elas.

Talvez por isso, diante da fugacidade da vida, elas se sintam tão presas em mim e briguem para sair. Assim me torturam, pois sentem que o tempo é curto e a missão é longa. Tentam me deixar louca, com tanta depressão, por entenderem o seu poder em minha vida.

Elas me fazem compreender que, não apenas enxergo a vida através das palavras, mas, sim, faço delas a minha própria vida!

Comentários

Pedro disse…
Olá Bruna; encontrei seu blog por acaso. Estava procurando bares menos agitados, opções alternativas no coreu, e seu blog apareceu na busca, por acaso, por causa de um post que continha uma reflexão sua sobre a personalidade dos jovens, quando estava andando pelo coreu... Engraçado a força do acaso, por isso não pude deixar de marcar uma msg aqui. hehe. Muito legal. Parabéns pelos escritos, voltarei aqui quando der. =)