INSIGNIFICANTE O SIGNIFICADO

Anda-se por ai, querendo encontrar-se. Está difícil entender porquê, de repente, as coisas começam a perder a graça. Na verdade, as coisas não perdem a graça, o caminho é que fica perdido, então, a graça não pode mais ser encontrada.

Fica-se imaginando, pensando, tentando explicar, criando culpas e culpados. Mas, desculpa nenhuma tem sido boa, o suficiente, para justificar esse desânimo por criar sonhos, objetivos e metas.

Por que de repente aquilo que era insignificante torna-se importante o bastante para derrubar qualquer coragem e estraçalhar qualquer auto-estima. Porém, a confusão inicia um processo de dominação de todos os espaços e vai, aos poucos, arrematando pensamentos. Dessa forma, fica difícil demais definir a causa fatal. Talvez não exista uma única ou maior causadora deste destempero, mas, com certeza, estabelecer uma será a forma mais fácil de explicar o que não tem explicação. Então ela acaba nomeada como oficial.

No entanto, contudo, ainda é preferível acreditar em uma apatia pessoal, que consome aquele que queria mudar o mundo e, antes mesmo dos 30, percebe que não conseguiu mudar, sequer, a própria condição de existência.

Como dizia a velha canção “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Muda-se de casa, de endereço, de emprego ou de profissão, mas ainda se perpetua a essência, seja ela boa ou ruim, mantêm-se como “mais do mesmo”. Quem sabe, não seja essa impotência diante de tudo que transforma normais em aloprados e descrentes.

Pode ser também a cobrança social de ter sempre que ter algum objetivo a alcançar, uma conquista a mostrar, um sucesso a ser comemorado, um pensamento positivo a ser aflorado, palavras entusiastas a serem proclamadas. Não bastaria viver?

É difícil, ou melhor, incômodo pensar o impensável. Então a lágrima talvez seja a melhor resposta ou a pior recompensa. Será que realmente deve-se procurar o caminho e tentar encontrar-se? Pode ser que continuar perdido seja a melhor solução. De repente, é possível querer apenas apreciar a chuva, deixar o choro fluir, fugir nos pensamentos, vivenciar o nada ou admirar a insignificância do ser. É mais tranqüilo, menos doloroso e, porque não, saboroso? Pensar dá muito trabalho. É melhor preferir a alienação do viver.
Bruna Moreira Faria
Texto postado inicialmente em: 01/04/2008

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