ROLLING STONES - PÃO E CIRCO EM ANO ELEITORAL

Pão e circo para o povo. A velha máxima da política mundial volta à tona, mais uma vez, no ano eleitoral brasileiro. E não estamos, aqui, falando dos mega showmícios com a presença de globais e bandas “sensação do momento”, produzidos pelos candidatos a algum cargo do legislativo ou executivo. Desta vez, os políticos se superaram.

Um mega evento dominou o Rio de Janeiro no último fim de semana. Na praia de Copacabana mais de 1,2 milhões de pessoas presenciaram o show da chamada “Maior Banda de Rock de Todos os Tempos”: os Rolling Stones.

A grande imprensa noticiou poucos incidentes para o show: apenas 200 ocorrências de assaltos, alguns arrastões, três esfaqueamentos, ah, e um barquinho com quatro tripulantes que virou. Mas, sem susto, não houve nenhuma morte.

Palmas para os bombeiros que quase interditaram o show porque as estruturas não estavam adequadas para o público que iria receber. Ah, desculpe, essas informações foram divulgadas em quase todos os veículos de comunicação, exceto pela rede Globo, que, por coincidência, foi uma das grandes patrocinadoras do show.

Além de transformar a apresentação dos Stones em um MEGA evento, a emissora teve direito a exibição exclusiva das imagens e à várias credenciais para a área VIP, que diga-se de passagem foi especialmente montada para os artistas globais, como Suzana Vieira, Vera Fischer e Cléo Pires; políticos, como Aécio Neves e sua trupe, a imprensa e alguns amigos da banda.

Nunca uma área VIP foi tão VIP assim e isso não se deve à presença de celebridades. O próprio show só foi visto pelas pessoas que ocupavam essa área de aproximadamente 60 metros. Imagine, o que restaria para o povão – as milhares de pessoas que se amontaram na praia de Copacabana – há mais de 60 metros de distância do palco. Quer dizer, isso para os privilegiados que ficaram próximos à área VIP, porque a extensão de pessoas ao longo da praia chegava a mais de um quilômetro.

Será que elas viram o rebolado do Mick? Com certeza não, mas que relevância tem isso? O importante mesmo é que a prefeitura, juntamente com alguns grandes patrocinadores, bancou um show milionário para cerca de 1,2 milhão de pessoas. Lotaram hotéis, bares e restaurantes, movimentaram companhias de viagens e deixaram o mundo todo achando que o Rio de Janeiro é um lugar extremamente civilizado, em que as pessoas podem ir à praia e assistir a um show da maior banda de rock do planeta.

Tudo isso na mesma semana em que foram noticiadas mais invasões da polícia em favelas, conflitos com traficantes e tiroteios no meio das ruas do Rio de Janeiro. Nada que um show dos Rolling Stones não possa apagar.

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